Se de cordel tu gosta
Agora vou recitar
É sextilha na escola
E a questão tu vai matar
O assunto dessa prosa
É intervenção militar
Prometendo disciplina
E respeito ao professor
Foram lá chamar os tiras
Mas nenhum orientador
Fosse lá na medicina
Era greve dos “dotor”
Mas parece que ultimamente
Muita gente sem noção
De maneira inconsequente
Vem falar de educação
E já temos quociente:
A escola da exclusão!
Quem é branco não precisa
Amarrar o seu cabelo
Quem é negro toma pisa
O Apartheid vem primeiro
Preconceito que se ensina
Com um jeitinho brasileiro
Mãos pra trás, vai cabisbaixo
Pra passar pelo portão
O Mandela grafitado
Já mandaram pra prisão
“É melhor do outro lado”
Informou o capitão!
Professor que sou de escola
Um profissional do ensino
Sei que a coisa não melhora
Se filmar cantarem o hino
E mandar para um fanático
Que nomearam ministro
E a farda, muito cara,
Até hoje não se tem,
Calça jeans, camisa clara,
Lembra até a FUNABEM
É a farda improvisada
Pra não ser um Zé Ninguém
O calçado, não se sabe
Como é que vão arrumar
Tem corrente no whats app
Suplicando por um par
“Pode ser kichute ou Nike,
Deus te ajude” vão falar
A pulseira é uma ou nada
Cuidado pra não abusar!
Ontem uma desavisada
Com duas no braço a andar
Esqueceu a tabuada
E uma teve que tirar
Só um ponto de luz no brinco
Pra não chamar a atenção
O aprendizado é reduzido
Se na sala uma “sem noção”
Quer mostrar que existe brilho
Onde se cultua a escuridão
E aluno vem daí:
Ser sem luz, a tábua rasa
Que só deve repetir
Inventaram o subpraça
Se não aprende a competir
Multiplica sua desgraça
Outra regra irracional
É fecharem o portão
Pro milico isso é normal
Pro discente é outro não
O “pulinho na regional”
É desculpa de direção
Estudantes com transtorno
Aqueles que são preteridos
Terão primeiro um esporro
Depois serão transferidos
O IDEB é o retorno
Para um sistema militar falido
Para os que laudo não tem
É melhor providenciar
Impossível ficar sem
Na cultura militar
Não é pessoa de bem
Aquela que não quer estudar
E alguém que estudar não quer
Muitas coisas podem ser
Se ela for PNE
Militar não vai querer
Mas se o médico diz que é
“É frescura”, vão dizer
Rafael Pullen Parente
Que trabalhou no Rio
De forma intransigente
Como nunca antes se viu
Pegou as escolas da gente
E vendeu por 200 mil
Logo ele que pesquisa
TICs e suas utilidades
Desde 2010 não atualiza
O seu currículo lattes
Vem dizer que acredita
Nessas falsas facilidades
No leilão, no último banco,
Quieto sem nada falar
Um sujeito meio Rambo
Esperou pra arrematar
Pintou o muro de branco
E nele: Polícia Militar
E falou de seu jeito:
“A jeripoca vai piar!
Posso fechar o Conselho
Professor vai se ferrar
Sem abono ou atestado
E fim do Calendário Escolar”
Sobrou pra festa junina
Pro intervalo que desestressa
E foi aí que o coxinha
Que se acha classe média
Percebeu que foi pra chincha
Que era só mais uma peça
“Mas isso é palhaçada!”
Disse o docente eufórico
“A ordem está assinada
Inclusive pelo Pedagógico”
Se é gestão compartilhada
Está aí o diagnóstico
Violência nas escolas
É ruim, um descalabro,
Mas não vão ser as esporas
Que trarão aprendizado
E se hoje isso te empolga
Amanhã és o cavalo
Não vamos esquecer
Daquele que não nos esquece
O seu nome é MP
Está sempre contra as greves
Mas quer ver desaparecer?
É só falar FUNDEB
Quanto ao promotor carola
Que pro Nordeste fez viagem
Pra debater violência na escola
Recebendo diária e passagem
Onde está o MP agora?
Mais dinâmica é sacanagem!
E não é que direções
Que aceitam a militarização
Não pensam em soluções
Terceirizam a educação
E são baixas suas menções
Quando o assunto é prestação
Se lhe falta competência
Senso de coletivismo
Deixe à prova esta contenta
Ponha a sua conta em risco
Por que veio se não aguenta?
Era só pelo carguismo?
Mas se insiste a direção
Pra escola ser militarizada
Coerência é uma lição:
Peça pra ser exonerada
E o plano da eleição
Deixe ao lado da privada
Uma coisa é certeza
Não se pode contestar
A criminalização da pobreza
Só tende a piorar
Mais escolas e menos cadeias
É pelo que devemos lutar
Me despeço do poema
Desejando mais amor
Não quero fazer dilema
Tampouco prego a dor
Pois sou professor da gema
E não apoio ditador