Portugal nunca pisou na África!
A afirmação é de Jair Messias Bolsonaro, candidato a presidente do Brasil, no Roda Vida de 30/07/2018. Último país a abolir a escravidão e maior destino de africanos escravizados, o Brasil até hoje penaliza a sua população negra, sobretudo a juventude, ora
com uma das taxas de homicídio mais altas do mundo, ora com políticas públicas que não chegam aos rincões dos grandes centros urbanos ou do sertão nordestino, a não ser as de encarceramento em massa. Restou aos negros contentar-se com o desencargo de consciência cristão da burguesia de que não precisam de cotas e sim de uma educação básica de qualidade, por mais que esse ensino de qualidade nunca tenha chegado – e nem vá chegar.
Ainda assim, há quem diga que não há dívida histórica e que não deve pagar nada a ninguém, quiçá aos negros que (sic)”se entregaram aos portugueses”. Esse alguém é Bolsonaro. Não é a toa que uma das pessoas cotadas para ser vice de Bolsonaro é exatamente o príncipe sem reino, herdeiro dos Bragança e Bourbon e que sonha em recolonizar o Brasil, como não bastasse a eterna desgraça que os portugueses fizeram com o país. Quer conhecer algo mais contraditório que um monarquista disputando a presidência? Então olhe como o Museu Bolsonaro de História Sem Partido reescreveu a identidade brasileira.
A ENTREGA

Camaradagem de escravizados: ceder o lugar no transporte é um hábito que herdamos dos africanos nos navios negreiros, como ensinou Rosa Parks.
Um dos momentos mais marcantes da história moderna é a chegada de navios branqueiros, com europeus ávidos por trabalhar no corte da cana-de-açúcar, na exploração de ouro nas minas gerais e nas plantações de café do Oeste Paulista. Os navios eram chamados de branqueiros por causa da quantidade grande de brancos que vinham neles. Eles aceitavam trabalhar sem ganhar nada por isso. Também haviam os navios negreiros, como mostra essa pintura da época, de Rugendas. Perceba que os negros preferiam viajar nos porões do navio, com pouca ventilação e defecando no mesmo local em que comiam, cedendo a “classe executiva” aos portugueses que seguiam na proa.
PORTO MARAVILHA: INAUGURADO EM 1503
A esquerda insiste que o Porto Maravilha foi o Cais do Valongo, maior porto receptor de escravizados do Novo Mundo. Marcelo Freixo é um deles. Pesquisadores respeitados em todo o mundo como Demétrio Magnoli e Janaína Paschoal sabem bem que o Porto Maravilha foi inaugurado com esse nome e sempre teve estrutura similar à atual. Essa história de que a arquitetura e inclusive o nome do bairro foi modificado para apagar um possível passado escravagista só demonstra a falta de conhecimento histórico dos comunistas, como o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros do Colégio Pedro II no Rio de Janeiro (ver clicando aqui). Felizmente, com a vitória de Bolsonaro na eleição de 2018, o Colégio Pedro II, mantido pela União, será militarizado e voltará a contar a verdadeira história cartesiana positivista que o povo brasileiro conhece.
DEBRET: O PRECURSOR DA LEI ROUANET

Uber do Brasil Colônia: valorização do trabalho negro como motor propulsor do desenvolvimento do país. Tela em óleo de Debret.
O pintor renascentista, realista e dadaísta Debret gostava de retratar o cotidiano do final do Brasil Império e início do Brasil Colônia. Alés dos “istas” já apresentados, Debret também era gayzista, satanista e comunista, mesmo tendo morrido em 1848, ano em que Marx se tornou mundialmente famoso com o Manifesto do Partido Comunista e um século antes dos sucessos de Jean Wyllys e Raul Seixas com os termos. Porém, uma coisa que Debret gostava era de mamar nas tetas da monarquia, seja ela portuguesa ou brasileira, quer dizer, com D. Pedro I, portuguesa também. Pintava momentos inoportunos, como os mostrados acima, dando a entender que havia forte estratificação social no Brasil. O que existiu, de fato, foram negros trabalhando como elevadores (subiam brancos nas costas para acessar andares mais elevados de prédios) ou mesmo transportando pessoas na cidade em armações móveis de rede. Tudo isso fez com que a economia da colônia, à época concentrada no latifúndio da cana-de-açúcar e, posteriormente, com a crise da derrama, houvesse dinheiro em circulação – e o pagamento era na hora, não era como o Uber que só paga na quarta-feira.
PAÍSES LUSÓFONOS: O EFEITO PELÉ

Países Lusófonos: a procura pelas escolas de idioma que lecionem português é uma consequência direta do bom futebol brasileiro apresentado no século XX.
Os terra-planistas como Bolsonaro não entendem direito quando se fala que o mundo é uma bola, mas numa coisa concordam: se Portugal nunca pisou na África, então a única coisa que explica africanos deixarem sua língua de lado para falar português foram as investidas de Pelé após consagrar-se tricampeão em 1970, conquistando a Taça Julies Rimmet. O Pelé, falado assim, na terceira pessoa, pelo próprio Edson Arantes do Nascimento, virou uma espécie de divindade, dando palestras e inclusive interrompendo guerras em regiões de conflito do Oriente Médio. O que reforça essa teoria é o fato de Cristiano Ronaldo, o CR7, ter se sagrado 5 vezes o melhor do mundo. Mas se você ainda não acredita, perceba que a Europa tem ganhado as últimas copas, o que explica que os outros países da África falem alemão, italiano, francês e outras línguas européias. Neocolonização e roubo das riquezas naturais africanas é discurso de esquerda rancorosa. A Europa é rica porque tem menos impostos, governos liberais e incentivo ao empreendedorismo.
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