Você aprendeu nas aulas de Geografia da 7ª série o conceito de trust: “fusão de várias empresas para monopolizar o mercado de produtos ou serviços”. Aí em 2015 você descobre pelos telejornais que além de ludibriar os consumidores, o trust pode também servir como uma forma de movimentar dinheiro para corruptos como Eduardo Cunha, uma espécie de “Banco Trust”, mas sem declaração do capital circundante ao país de origem, claro.
Onde você passou o réveillón de 2012 para 2013? Quanto gastou? Pois saiba que Cunha, estava em Miami Beach e gastou a bagatela de R$ 169.500,00 durante poucos dias. Detalhe: à época, Cunha tinha o salário de R$ 17.700,00 como deputado federal. Foi a viagem dos sonhos… o deputado juntou 9 meses de salário sem gastar nada, sobrevivendo apenas do sorriso plastificado de sua esposa para as revistas de fofoca, para poder abrir a mão de uma só vez nos Estados Unidos.
E no começo de 2015? Você lembra onde estava? Fazendo contas para comprar o material escolar dos filhos? Pegando empréstimo na milésima financiadora pra pagar o conserto do carro? Já sei: cortando os jantares em restaurantes com sua família porque o orçamento estava apertado! Pois saiba que em apenas 4 dias, Eduardo Cunha gastou U$ 27.342,69 ali pertinho, em Paris, onde você deve passear todo fim de semana. Para quem leu errado o valor acima, volte e reveja a cifra: eu disse 27.342,69 DÓLARES e não reais. Atualizando para o valor de R$ 2,84 o dólar na época, o valor vai para R$ 77.653, 24 reais.
Mas toda esta grana, ternos caros, vinhos mais ainda, viagens internacionais e outros luxos que não são compatíveis nem com o salário de ministros do Supremo Tribunal Federal são colocados por Cunha como gasto no cartão da sua mulher que, também, recaem sobre o trust. É como se Cunha tivesse uma conta no banco e um cartão de crédito, usasse o cartão de crédito, não declarasse a conta com sua respectiva movimentação e chamasse o banco de trust para escapar da legislação tributária brasileira. Sensacional! Como é que o Maluf não pensou nisso antes?
À nós, mortais, resta a fila do supermercado com pesquisas intermináveis de preço para caber no orçamento. Nesta quarta-feira, 1º/06/2016, a tropa de choque de Cunha fez um pedido de vista coletivo que vai atrasar ainda mais o processo mais longo do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Os novos integrantes do Conselho como Tia Eron, que já declarou publicamente admirar Eduardo Cunha, votarão semana que vem para que o processo se encerre e o ex-presidente da Casa não seja afastado de seu trono de manobras. Gostaria de ver aquela galera esperta que fez coreografia na rua há pouco tempo contra a corrupção ligando para os deputados do Conselho de Ética e exigindo a cabeça de Cunha. Onde está o Placar da Democracia da Folha de São Paulo, G1, Correio Braziliense e outros jornais? Onde está Kim Kataguiri fazendo suas complexas e maduras análises políticas de que precisamos nos unir para ser o gigante Zord dos Power Rangers para deter Cunha?
Longe de mim atacar Cunha pra defender o PT. Aliás, até 2013 Cunha foi aliado do PT, quando se rebelou e liderou o blocão, já pensando na reeleição enquanto deputado bancado com dinheiro de empreiteiras e planos de saúde e na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados. Portanto, é perfeitamente possível ser contra o impeachment e contra Cunha, ou ser a favor do impeachment e contra Cunha. A única coisa que não dá pra fazer é confiar em Cunha, um corrupto declarado amigo de Silas Malafaia.
How about you? Do you trust what he said?