Dininha com a bola toda
Turma da Mônica. Desenho de Maurício de Sousa.
E todo mundo dizia que Dininha, uma menina negra de 10 anos e que gostava de ler e escrever, achava a escola muito boa não só para brincar mas também para estudar, claro. Na verdade, seu nome era Maria Clara. Dininha é o diminutivo de Dina, ou Dona Dina, a Dinorá, cearense e mãe da personagem principal dessa história. Quase ninguém sabia o nome de Dona Dina, mas conhecia muito bem os deliciosos doces que fazia. O pai, Seu João, que nasceu em Tocantins na época em que ainda era Goiás, era motorista de transporte coletivo, mas só o chamavam pelo apelido de Buzina, pois tinha mania de cumprimentar com três buzinadas as pessoas que conhecia. Dininha tinha apenas uma irmã mais velha que se chamava Maria Aparecida, ou Cida, de 18 anos, que também gostava de estudar e vendia os doces que Dona Dina fazia, ajudando nas contas de casa. Dininha, Dona Dina, Buzina e Cida moravam juntos em um quartinho alugado na Ceilândia, região do Distrito Federal.
Dininha sempre estava alegre e brincando, mesmo que algumas vezes isso gerasse problemas. Os meninos da escola não gostavam de jogar futebol com ela. Diziam que ela era mulher e seu lugar não era no futebol, mas sim cuidando da casa. Que casa? Ela já tinha casa para cuidar? Mesmo se tivesse, é justo mulher cuidando da casa enquanto homens jogam futebol? Os meninos afirmavam que futebol era esporte de homem! Dininha não ligava e seguia fazendo seus gols, esforçando-se também para tirar boas notas na escola e dar um futuro melhor para os pais – uma responsabilidade pesada de quem deveria se preocupar em ser apenas criança. Pensamento de gente grande em cabeça de criança: está aí outra característica de Dininha imposta pela sua condição social.
Num dia, apareceu outra mulher para jogar bola com a criançada. Essa mulher, que era adulta e amiga da professora da turma, fez tudo que podia no futebol: driblou, desarmou, deu chapéu, drible da vaca, embaixadinha, gol de cabeça, de bicicleta e tudo que tinha direito. Dininha, claro, ficou encantada com aquela mulher que jogava tão bem. Os meninos puderam ver que uma mulher pode jogar melhor do que os homens. Aliás, sem machismos: eles viram que mulher pode jogar e pronto! Daquele dia em diante, os meninos passaram a aprender muito com Dininha: matemática, linguagens, ciências da natureza, ciências humanas, artes e, é claro, futebol, a especialidade da garota.
Ah, sim, não podemos esquecer de apresentar quem foi a mulher que jogou futebol na escola. O nome dela era Marta. A jogadora era atacante da Seleção Brasileira Feminina de Futebol de Campo e foi muitas vezes considerada a melhor jogadora do mundo. Não era toda criança que tinha a sorte de treinar com a atleta, mais respeitada do que muito homem preconceituoso que poderia ter deixado Marta e Dininha sem realizar duas coisas que fazem muito bem: jogar futebol e combater intolerâncias.
Texto escrito em 14/03/2013
Ceilândia – Distrito Federal

Marta, jogadora da Seleção Brasileira Feminina de Futebol de Campo. A melhor jogadora do mundo.
MACACO BURRO
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Macaco safado
seu preto de merda
Você fez meu odio fluir……
vai tomar uma punição exemplar.
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